A deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP) reuniu-se, dia 11, com o secretário Extraordinário de Regularização Fundiária
na Amazônia Legal do MDA, Sérgio Lopes, para conversar sobre o decreto de transferência das terras da União para o Amapá.
Defensora da
transferência das terras da União para o estado, a socialista, no
entanto, está apreensiva com as titulações irregulares feitas pelo
governo estadual em terras da União, com a segurança das famílias
que ocupam áreas conforme prevê a legislação federal, com a proteção às
comunidades de quilombo, tradicionais, ribeirinhas e de agricultores
familiares e áreas de conservação. Ela aponta como urgente a realização
de georreferenciamento; a solução do conflito
nas áreas disputadas pelo INCRA e IMAP no Arirambá, município de
Tartarugalzinho; a retirada da transferência ao estado da Reserva
Extrativista do Cajari e a do Lago Piratuba.
Os socialistas não
participaram da assinatura do decreto 8.713/2016, dia 15 de Abril, pela
presidenta Dilma Rousseff, que transfere as terras para o Amapá, por
considerarem que o processo está incompleto e põe
dezenas de comunidades de agricultores familiares sob risco. “O governo
do estado não pode fazer o que quiser. A população amapaense precisa
ser respeitada”, cobra a deputada.
Condicionantes
– Janete foi informada que o decreto reúne condicionantes que devem ser
obedecidas pelo estado, como a separação dos imóveis de órgãos
federais, os títulos federais sobre áreas da União e a negativa dos
títulos recentes de áreas superiores a 15 módulos fiscais. “Os
movimentos sociais e os órgãos de fiscalização precisam acompanhar e
acionar o Ministério Público Federal quando houver algo
suspeito”, incentivou Lopes. A grilagem de terras por políticos locais e
por empresários de fora do estado é denunciada pela socialista desde
2007.
Violência
– Após o decreto, a Comissão Pastoral da Terra já registrou atos de
violência contra agricultores familiares que ocupam terras da União,
conforme prevê a legislação do programa Terra Legal. Segundo a CPT,
“nas comunidades de Caldeirão e do Paredão, dezenas de famílias estão
impedidas de pescar e praticar atividades de subsistência pela
Eletronorte e por um rico grileiro, que se apossou de terras
de marinha. Usam a polícia para aterrorizar as famílias”.
“Na comunidade do Barro,
município de Ferreira Gomes, estranhos invadem lotes dos agricultores à
noite para marcar pontos com o GPS. Um invasor foi pego, mas se recusou
a dizer para quem trabalhava. Foi formalizada
denúncia na justiça local”. As denúncias da CPT foram tornadas públicas
pela deputada Janete Capiberibe no Plenário da Câmara.
Dia 05 passado, o Fórum
de Acompanhamento de Conflitos Agrários e Desenvolvimento do Amapá foi
ao Ministério Público contestar a transferência das terras da União para
o Estado. Afirmam que não há nenhuma garantia
que sejam respeitados os direitos das populações tradicionais e de
proteção ao meio ambiente.
Assista abaixo o discurso da deputada Janete Capiberibe
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