Em entrevista após reunião da Comissão Executiva, Rui Falcão avalia
momento político e orienta apoio à candidaturas do Psol, PCdoB, Rede e
PDT no 2º turno.
A decisão em tese beneficia um possível apoio do PT nacional e local ao prefeito Clécio Luis, que disputa a reeleição pela Rede.
Outro fator que beneficia Clécio Luis é o fato de o senador Randolfe Rodrigues (Rede), ter se posicionado contra o golpe parlamentar e votado contra o processo que destituiu a presidente Dilma Rousseff da presidência. Em Macapá, Clécio Luis é adversário de Gilvam Borges do PMDB, fiel escudeiro de Sarney, um dos articuladores do golpe que levou Temer ao poder. Borges tem o apoio incondicional do governador Waldez Góes.
Após reunião da Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, o presidente nacional da sigla Rui Falcão deu entrevista fazendo um primeiro balanço após a disputa eleitoral nos municípios e indicando os próximos caminhos do partido.
Segundo Rui, foi feito um primeiro balanço do primeiro turno, mas
ainda há muitos dados que não estão disponíveis. “É mais um passo
político; primeiro constatando que desde a ação penal 470 as forças
conservadoras desfecharam uma ofensiva terrível contra nós. Ela se
estendeu até os últimos dias da campanha eleitoral”.
O presidente do partido relembrou episódios que ocorreram até os últimos dias antes do pleito, como a decisão de Sérgio Moro que transformou a prisão provisória do Palocci em preventiva, a prisão de Guido Mantega, duas ações transformando Lula em réu, além da agressão contra o governador da Bahia.
“Foi uma campanha de massacre que naturalmente acabou culminando em
produzir um resultado eleitoral”, avaliou Rui. “Hoje nos jornais uma
campanha paga com o timbre do governo usurpador: ‘Vamos tirar o brasil
do vermelho’, que dá a entender ‘vamos tirar o vermelho do país’. Não
basta nossa derrota eleitoral, querem nos eliminar da vida política”.
Rui Falcão ainda afirmou que “teve o impeachment,
a crise econômica, mas nenhum desses fatores por si só são capazes de
explicar a extensão da nossa derrota. Foi uma derrota forte, grande, que
merece um exame sereno, aprofundado e minucioso nos próximos meses, até
para que a gente possa, ao refletir sobre os erros que cometemos antes e
durante a campanha eleitoral, tirar lições para recuperar o terreno
perdido e preparar um projeto para o país”.
“Hoje nos jornais uma campanha paga com o timbre do governo usurpador: ‘Vamos tirar o brasil do vermelho’, que dá a entender ‘vamos tirar o vermelho do país’. Não basta nossa derrota eleitoral, querem nos eliminar da vida política”
“Mais do que ficar remoendo as nossas dificuldades, ano que vem vamos
construir de forma muita aberta com a sociedade, com os movimentos, um
projeto alternativo que tire o país da crise, que nos permita retomar
nosso projeto de construção de um novo país. Estamos orientando a nossa militância
a apoiar incondicionalmente as candidaturas do Psol, PC do B, Rede e
PDT nas capitais, e para que em cada município os diretórios vejam a
quem nós não devemos conceder o voto, nem o apoio”, afirmou Rui.
O presidente do PT ainda afirmou que o partido irá dedicar todo seu
empenho às sete cidades onde disputa o segundo turno: Juiz de Fora (MG),
Anápolis (GO), Santa Maria (RS) , Santo André (SP), Mauá (SP), Vitória
da Conquista (BA) e Recife (PE).
“Conjugando essa participação nas eleições com o empenho das nossas
bancadas na Câmara e no Senado, se somando também às bancadas de
oposição, possamos fazer a uma oposição dura à PEC 241, a PEC do desmonte, do arrocho, o PL que acaba com a política de partilha do pré-sal, com a Petrobras como operadora única, a MP do ensino médio”.
Perseguição a Lula
Questionado sobre o indiciamento do ex-presidente Lula, Rui avaliou
ser “mais uma atitude que comprova o que tenho dito: há uma
perseguição”. Segundo ele, “a gente mede também como a Lava Jato influiu
na campanha eleitoral. Essa nova investida contra Lula comprova o que
temos dito. Em nome do combate à corrupção,
que preocupa a população com razão, se faz uma cruzada seletiva contra
um partido da maior liderança popular do país, passando inclusive por
cima de direitos fundamentais”.
Em nome do combate à corrupção, que preocupa a população com razão, se faz uma cruzada seletiva contra um partido da maior liderança popular do país, passando inclusive por cima de direitos fundamentais.
Rui Falcão alertou para o perigo dessa perseguição, não só para o
Partido dos Trabalhadores, mas para todos os brasileiros: “A ideia de
aceitar provas mesmo colhidas ilegalmente, a ideia de violar o princípio
da presunção de inocência, o fim do habeas-corpus, enfim, a ideia de
tratar situações excepcionais com julgamentos excepcionais é um estado
de exceção em andamento. É o PT, depois vem esquerda, depois o cidadão
isoladamente. Assim que em certos países a aceitação do mal como
banalidade levou a desastres que a gente não quer ver se repetir”.
Renovação
Na última reunião do diretório o partido estabeleceu a antecipação da
renovação da direção para o primeiro semestre de 2017. “Tomamos essa
decisão antes das eleições porque é mais correto, mais prático, mais
funcional, que você prepare a direção que vai conduzir a campanha de
2018, não às vésperas da campanha. Então você renova a direção no 1º
semestre, ela tem um semestre para viajar”, explicou Rui.
No dia 21 de outubro ocorre reunião da executiva
que vai fazer o acompanhamento d a disputa de 2º turno e definir um
calendário de atividades. As forças políticas vão apresentar nomes para
construir uma comissão sob coordenação de Rui Falcão para apresentar uma
proposta no dia 21.
Nos dias 9 e 10 de novembro ocorre a reunião do
diretório nacional, que definirá sobre a pauta de todas as questões que
serão desenvolvidas para o processo de renovação da direção. Depois
haverá uma nova reunião da executiva no final de novembro.
O Congresso Nacional do PT deve ocorrer entre abril e maio de 2017.
São Paulo
Questionado sobre as eleições em São Paulo,
Rui afirmou que “Foi uma surpresa relativa porque a expectativa geral
era de que ficássemos em 2º ou 3º lugar; e com um pouco mais de campanha
teríamos ido para o segundo turno. Mas isso são águas passadas. Vamos
tirar lições desses erros”. Falcão reafirmou a necessidade de uma
união da esquerda “Vamos rever nossas estruturas organizativas, tentar
unificar a esquerda. Tem partidos que se endireitaram, mas têm gente de
esquerda”.
“O fato é que há uma necessidade urgente de reforma política,
com fundo público de financiamento exclusivo. Primeiro por não ter
fixado teto nominal, só percentual. O financiamento público é
necessário. Precisa revalidar a política, revalidar os partidos com
listas, fim das coligações proporcionais”, concluiu.
Da Redação da Agência PT de Notícias
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