sábado, 5 de janeiro de 2013

NO ESCURO, DE OLHOS VEDADOS - Por Rup Silva

Impressões por Rup Silva
É o que parecem fazer médicos e governo que não conseguem colocar com clareza as razões do conflito que travam desde o inicio da atual gestão. O governo reclama do não cumprimento de sobre avisos e não cumprimento de escala de plantão, que no frigir dos ovos acaba prejudicando o cidadão que não tem seguro de saúde.

A recente  entrevista do neurologista Alejandro TRUJILLO e do Advogado Roberio Oliveira, Adjunto de Saúde ao Café com Noticia da Rádio Cidade, que acompanhei com redobrado interesse, mostrou mais uma vez o interesse em manter o contribuinte desinformado, principalmente por parte dos médicos que tem trânsito livre na mídia anti governista para destorcer os fatos e reinventar a roda.

Mesmo assim, ficou claro que a categoria médica permanece na posição de sempre: incondicionalmente contra o atual governo que de sua parte quer o cumprimento fiel dos contratos e maior engajamento da categoria na solução dos problemas do atendimento da população resultado da má administração do governo anterior.

A crise, segundo se comenta, é orquestrada por setores apeados do poder que negociavam o silêncio da categoria com privilégios e vantagens deteriorando o Sistema e seu funcionamento. Veja o caso da esposa do Presidente do Sindicato que de posse de dois contratos com o governo cumpre meio, além do contrato de fornecimento de alimentação especial feito com a anuência do titular.

Isso ninguém pergunta nem quer saber. Isso o presidente do sindicato não troveja quando fala mal do governo que resolveu dar um basta nos esquemas e mamata.

O quadro comprometedor e ridículo que assumiu, deixa claro que a categoria médica chegou ao fundo do poço ao servir de “massa de manobra” para grupos políticos – ‘Harmonia’ principalmente que quer, na marra, voltar ao poder.

O mais grave é que a sociedade já sabe por quem e porque  batalham os médicos a ponto de ouvir de um popular o nada lisonjeiro adjetivo de “patifes” dirigidos aos médicos que deixam de atender a população por conta de dinheiro.

Do ponto de vista das lideranças médicas – Sindicato e Conselho Regional, por sinal desviado de suas funções, a Saúde Pública do Amapá não passa de um poço sem fundo, pois vivem exigindo mais e mais vantagens, criando uma crise em cima de outra, não deixando tempo para o governo pensar e organizar o Sistema.

E, mais grave ainda é a demonstração de insensibilidade dos médicos com a situação do povo desassistido quando, de forma grosseira e destemperada, desafiam as autoridades da saúde e deixam claro o desejo de acertar a jugular do jovem Governador Camilo que busca, em meio as crises “fabricadas”, colocar o Sistema Médico para funcionar.

E vão além quando desafiam, também, as outras instituições responsáveis em garantir o acesso de todos ao atendimento médico como manda a Constituição. Onde, estranhamente, faz-se um silencio ensurdecedor.

Daí que penso que a crise se aprofunda quando instituições como MPE e MPF se ausentam do debate e permitem o linchamento público do Governo que sozinho procura evitar o caos tendo ainda contra si uma imprensa interessada no seu desgaste.

Em sendo da área não me sinto confortável ter que comentar movimentos dessa natureza que prejudicam em muito a população, pois a sonegação e omissão de atendimento de pessoas pobres colidem com os princípios mais comezinhos do livrinho de ética médica que coloca – claramente, o interesse do cidadão doente antes e acima de tudo.

É o que aprendemos na Faculdade, mas pode ser que alguns não lhe deem importância e não prestem atenção a ele em nome do enriquecimento a qualquer custo que parece o lema dessa turma do Pará que imagina que sejamos uma terra de eunucos.

É possível que o Programa que promoveu o debate, também ignore esse dogma médico e não tenha enveredado a questão para o lado mais importante, que é do atendimento do cidadão, esquecido pela  clara intenção de insuflar as partes –  Alejandro e Robério Oliveira, adjunto da SESAS, que ainda tentou levar a discussão na direção do seu cerne, esbarrando na má vontade dos entrevistadores.

Alejandro não deixa de ter direito de evocar para si  importância na construção e modernização da medicina do Amapá ao imaginar sua estatua diante do Hospital Alberto Lima. Embora deva lembrar ter sido remunerado e bem remunerado para fazer seu trabalho.

Não só pelo Estado, mas fundamentalmente pela sociedade que sempre pagou bem por seu trabalho considerado, por sua natureza e grau de especialização como de “alta complexidade”, e como tal situado no topo da pirâmide do atendimento médico, com acesso restrito, por isso bem remunerado.

Aqui mais uma vez quero lembrar Alejandro que sua performance não foi algo solitário. Mesmo por que a construção de um Estado não é tarefa de um ou de poucos,  muito menos se restringe a um setor apenas da sociedade, nesse caso a medicina.

Mesmo no setor médico, a título de contribuição, poderia fornecer ao colega uma lista de médicos que merecem sua estatua também. Que tiveram um papel fundamental na construção do Sistema de Saúde, sem os arroubos e atitudes tresloucadas de hoje, movidas por interesses subalternos, que maculam a imagem do médico e esquecem a figura do cidadão comum, carente e morador da periferia.

Alberto Lima- sempre o Alberto, um cidadão, um exemplo de ponderação e responsabilidade social. Mário Barbosa, Manoel Amoedo Brasil, Luiz Tancredi, Yaci Alcantara, Euclélia Américo, Robelino Albuquerque, Jocy Furtado, Jose Cabral, Arthur Torrinha, Antonio Telles, Rilton Cruz , Papaleo Paes e esposa  entre tantos outros cidadãos que trabalharam, em outras áreas  e ajudaram, sem dúvida, sem estatua, fazer o nosso belo e hospitaleiro Estado.

E não falei ainda em Janary Nunes, Ivanhoé Martins, Coracy Nunes, Dr.Ildemar Maia, Clemanceu Maia, que nos primórdios ou no curso da nossa história deram o ponta pé inicial para a fundação desse belíssimo Estado.

Estado que alguns imaginam que podem, ao desafiar a ordem constituída, o respeito a autoridade, por preconceito idiota, por interesse próprio contrariado,  influir no seu destino, como pensa essa turma do Pará que sequer sabe da sua existência.

Políticos da verve de João e Janete Capiberibe, Sebastião Rocha, Nelson Salomão, Stephan Houat, Walter Banhos, José Serra, Binga Uchôa e por aí afora nunca poderão faltar nessa relação.

Poderia ir mais longe, mas vou ficar por aqui. Fico constrangido quando tenho que censurar a postura de pessoas da categoria, envolvidas em atos menores.
Saúde é algo muito sério; algo que não pode ter seu destino decidido em reuniões sociais nem tão pouco na praça de alimentação de um Shopping qualquer como quer esse grupo “do Pará” e de qualquer lugar que fomenta a instabilidade do setor.

Depois, é bom que se diga isso: a prestação do serviço pelo profissional médico, diferente do que pensa o Presidente do Sindicato, não pode ser reduzida a um caso simples de fiscalização do ente público.

Saiba o Presidente do Sindicato Médico que gestor não é delegado de polícia que tenha que vigiar médico que precisa cumprir sua obrigação  contratual.  E se tudo isso não for suficiente, que seja por uma questão de ordem ética e moral. Não imagino um médico espreitando seu chefe para fugir do plantão. Seria o fim.

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